Panorama do Mercado de Soja e Milho em10/09/2025
Prêmios elevados em Paranaguá sustentam preços da soja no Brasil, enquanto o milho ganha ritmo com indústria de ração e exportações mais ativas.

O mercado de grãos segue atento aos prêmios de exportação, à demanda chinesa e às expectativas em torno do próximo relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que será divulgado nesta sexta-feira (12). Enquanto a soja encontra sustentação nos prêmios de Paranaguá, o milho ganha ritmo com negócios pontuais no interior e maior movimentação para exportação no Centro-Oeste.
Soja: prêmios firmes sustentam preços no Brasil
O mercado da soja permanece apoiado pelos prêmios nos portos brasileiros, reflexo da demanda chinesa que segue priorizando a originação no Brasil. Em Paranaguá, os prêmios giram ao redor de +US$ 1,45 a +US$ 1,50 por bushel, patamar acima da média dos últimos anos e que tem garantido sustentação aos preços domésticos, mesmo com Chicago operando de forma lateral, próxima a US$ 10,30/bu.
A ANEC (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais) elevou a previsão de embarques de soja em grão para setembro para 7,43 milhões de toneladas, reforçando a perspectiva de fluxo firme nos portos. Para o farelo, a estimativa é de 2,11 milhões de toneladas, e para o milho, de 6,96 milhões de toneladas no mesmo período.
No mercado físico, a disputa entre compradores e vendedores permanece. Em Cascavel (PR), as indicações giram em R$ 134 por saca FOB armazém (45 dias), enquanto os produtores pedem R$ 140 (30 dias). No porto, os preços chegam a R$ 143 por saca CIF (30 dias) e R$ 145 para novembro. Já em Primavera do Leste (MT), esmagadoras indicam R$ 128/saca FOB para pagamento em outubro, enquanto exportadores trabalham a R$ 126/saca.
Para a safra 2025/26, os negócios seguem travados. As ofertas de exportação em Paranaguá estão em torno de R$ 136/saca, mas os produtores pedem R$ 142, sem registro de negócios.
Milho: indústrias ativas e exportação reaquece
O milho apresentou melhora nas negociações com a demanda da indústria de ração e das tradings. Segundo operadores de mercado, a diferença entre pedidos dos vendedores e ofertas dos compradores diminuiu, permitindo o fechamento de alguns lotes.
Em Cascavel (PR), os preços giram em R$ 58–60 por saca FOB para retirada imediata e pagamento em 30 dias. No porto de Paranaguá, as ofertas estão em R$ 65–66/saca CIF, com embarque e pagamento em outubro. O produtor participa mais ativamente do mercado, embora ainda busque valores acima das indicações.
Em Primavera do Leste (MT), houve registro de exportação pontual a R$ 51/saca FOB (embarque em outubro e pagamento em novembro), com o produtor pedindo R$ 52. As indústrias continuam presentes diariamente, mas pagando um pouco menos. Para a safra 2025/26, as indicações estão próximas de R$ 50/saca CIF (entrega em julho e pagamento em agosto de 2026), ainda sem negócios reportados.
Vetores de atenção
- Relatório WASDE (12/09): pode ajustar produtividade dos EUA e mexer com Chicago.
- Demanda chinesa: foco ainda no Brasil, com EUA atrasados nas vendas.
- Câmbio: oscilações entre R$ 5,35–5,50 têm influência direta na paridade.
- Line-up portuário: ANEC indica forte fluxo para setembro, tanto em soja quanto em milho.
Fertilizantes no Paraná e Relação de Troca
No Oeste do Paraná, referência para a agricultura nacional, os preços dos insumos permanecem elevados. Cotações recentes apontam MAP em torno de R$ 4.900/t, ureia a R$ 2.100/t e KCl também em R$ 2.100/t posto região.
Apesar do line-up recorde de importações em Paranaguá garantir oferta, o repasse ao produtor é lento e os custos seguem pressionados.
Relação de troca estimada
- Soja (R$ 134–145/sc): entre 33 e 36 sacas para adquirir 1 tonelada de MAP; cerca de 14 a 16 sacas para ureia ou KCl.
- Milho (R$ 58–66/sc): entre 74 e 84 sacas para 1 tonelada de MAP; em ureia/KCl, cerca de 32 a 36 sacas.
Esse quadro reforça a importância de avaliar bem o momento de compras de insumos e de travas de venda, especialmente em um cenário de prêmios sustentados e de custos ainda altos.
Conclusão: O mercado de soja segue firme, com sustentação vinda dos prêmios e resistência dos vendedores. O milho mostra maior disposição de negócios, mas ainda em ritmo moderado. Nos dois casos, o foco recai sobre o WASDE, a demanda chinesa e a volatilidade cambial. No Paraná, os fertilizantes mantêm pressão de custos, exigindo atenção à relação de troca antes de novas decisões comerciais.