Panorama do Mercado de Soja e Milho – 05/09/2025
Mercado de soja e milho em 05/09/2025 segue sustentado por câmbio firme e exportações aquecidas. Etanol dá fôlego ao milho no MT, enquanto no PR a oferta trava negócios.

O mercado de grãos encerrou esta quarta-feira (04) em compasso de cautela, com sustentação vinda do câmbio e do programa de exportação, mas ainda sob influência de fundamentos que travam novos negócios. No caso da soja, as indústrias seguem retraídas e parte da originação migra para o Paraguai, enquanto no milho, a demanda das usinas de etanol em Mato Grosso dá fôlego ao mercado spot, contrastando com a lentidão nas negociações no Paraná.
Soja: câmbio e exportação seguram preços, mas vendedor resiste
Em Paranaguá (PR), compradores externos indicaram R$ 142/saca CIF porto (pgto 30 dias), enquanto produtores mantêm a pedida em R$ 145/saca. No interior do Estado, as referências ficaram em R$ 128/saca FOB em Cascavel e R$ 130/saca FOB em Maringá, com embarque imediato e liquidação em 30 dias.
Em Campo Verde (MT), os preços recuaram na semana. Para exportação, a indicação caiu para R$ 124/saca FOB (embarque 30/09), contra R$ 130 na semana anterior. Segundo o corretor Gilmar Meneghetti, produtores reduziram o ritmo de vendas e aguardam melhores oportunidades. Para a safra 2025/26, exportadores e indústrias ofertam entre R$ 116 e R$ 118/saca (CIF ou FOB fev/mar, pgto abr), enquanto os produtores pedem em torno de R$ 120/saca.
No front externo, a ANEC projeta exportação de 6,75 milhões de toneladas de soja em setembro, contra 5,16 milhões em igual mês de 2024, sinalizando demanda aquecida para o Brasil em plena entressafra dos EUA. Os prêmios de exportação seguem estáveis em Paranaguá (+US$ 1,00/bu set; +US$ 1,10/bu out), e o câmbio firme em torno de R$ 5,45 dá sustentação às referências domésticas.
Outro vetor importante é a política de biocombustíveis: o Biodiesel B15, em vigor desde 1º de agosto, garante um “piso” de demanda para o esmagamento interno, reforçando a concorrência com a exportação.
O plantio da safra 2025/26 já pode ser iniciado no Paraná, respeitando as janelas oficiais do ZARC, e será liberado em Mato Grosso a partir de 7 de setembro, após o vazio sanitário.
Milho: etanol puxa mercado no MT; Paraná segue lento
Em Campo Verde (MT), o mercado de milho mostra liquidez moderada. Na quinta-feira, lotes de 3 mil toneladas foram vendidos a R$ 48/saca FOB (pgto imediato), enquanto na quarta-feira 1.800 toneladas saíram a R$ 49/saca FOB, com embarque em outubro e pagamento no fim do mês. Para exportação, as indicações giram em R$ 49/saca FOB (outubro), mas o produtor insiste em R$ 50/saca.
As usinas de etanol de milho, em plena expansão no Estado, lideram a demanda e sustentam o mercado spot. As indicações para a safra 2025/26 estão na faixa de R$ 49,5–50/saca CIF, mas os negócios ainda são limitados a operações de barter.
No Oeste do Paraná, as vendas seguem lentas. Produtores pedem entre R$ 72 e R$ 75/saca FOB (30 dias), enquanto compradores limitam as ofertas a R$ 70/saca, refletindo o excesso de milho disponível. Esse cenário atrai indústrias de ração, mas não é suficiente para destravar o mercado.
Na B3, o contrato setembro/25 fechou a R$ 65,39/saca, enquanto novembro recuou para R$ 68,62/saca. Em Chicago, o milho setembro/25 operou na casa de US$ 4,00/bu, sem grandes movimentos técnicos.
Oeste do Paraná: referência local e fertilizantes
Na região de Marechal Cândido Rondon/Toledo, referências de balcão apontam soja entre R$ 118 e R$ 120/saca e milho em torno de R$ 51–52/saca, reforçando a resistência dos vendedores diante dos lances mais baixos.
O cenário de insumos também pesa nas contas do produtor. Cotações internacionais mais firmes de MAP (US$ 630/t CFR) e KCl (US$ 355–360/t CFR), somadas ao câmbio atual, resultam em preços locais entre R$ 3.700 e R$ 4.300/t para MAP, R$ 2.600–3.000/t para ureia e R$ 2.500–3.100/t para KCl no Oeste do Paraná.
Na prática, isso significa uma relação de troca em torno de 29–34 sacas de soja por tonelada de MAP, ou cerca de 50–58 sacas de milho por tonelada de ureia, considerando os preços médios locais.
Perspectivas
Soja: sustentada por câmbio e exportação, mas ainda dependente da força da demanda chinesa. Produtor firme no interior, comprador cauteloso no MT.
Milho: etanol continua como vetor de sustentação no MT; no PR, excesso de oferta mantém a queda de braço.
Fertilizantes: preços seguem elevados, pressionando a relação de troca e exigindo planejamento estratégico de insumos para a safra 25/26.
O curto prazo dependerá dos dados do USDA Export Sales desta sexta-feira (05), que podem dar direção a Chicago, e da evolução do câmbio, que segue sendo o principal balizador de competitividade para o Brasil.
Conclusão: O mercado segue travado em boa parte das praças, mas com fundamentos que evitam quedas mais expressivas. A estratégia do produtor deve ser cautelosa, combinando venda escalonada no spot, atenção às trocas por insumos e monitoramento das condições climáticas de plantio da nova safra.