Panorama do Mercado de Soja e Milho 09/09/2025

Mercado de soja segue travado no Brasil, com produtores cautelosos e vendas lentas para a safra 25/26. Já o milho encontra sustentação nas exportações, que cresceram 13% em agosto, apesar da oferta abundante. Câmbio em R$ 5,42, prêmios firmes e risco climático no Sul completam o cenário.

Panorama do Mercado de Soja e Milho 09/09/2025
elaboração: CostaWeber Agrosolutions

O mercado de grãos iniciou a semana com movimentos distintos para soja e milho no Brasil. Enquanto a soja permanece travada, com produtores cautelosos diante da volatilidade cambial, o milho encontra suporte na exportação, apesar da abundância de oferta interna e externa.

Soja: firmeza do produtor e expectativa por melhores preços

Em Campinas (SP), mesmo com alta de R$ 2,50 por saca em relação à semana passada, reflexo da leve recuperação em Chicago, não houve negócios. As indicações de exportação ficaram em R$ 142 por saca CIF Santos para entrega imediata (pagamento em 72h) e R$ 145 por saca CIF Santos para entrega em setembro e pagamento em novembro. Segundo corretoras locais, o produtor não aceita esses níveis e as cotações dependem exclusivamente do câmbio.

No Mato Grosso, a situação é semelhante. Em Nova Mutum, compradores indicaram R$ 122 por saca FOB para embarque em outubro, enquanto vendedores pedem R$ 130. No mercado interno, a referência está em R$ 131 por saca CIF Rondonópolis para entrega em outubro. Para a safra 2025/26, a diferença entre ofertas e pedidos também trava a comercialização: compradores oferecem R$ 110/sc FOB contra pedidos de R$ 115.

No cenário internacional, a safra brasileira 2025/26 segue projetada como recorde, estimada em 178,2 milhões de toneladas, embora riscos climáticos, sobretudo a previsão de La Niña no Sul, tragam incertezas. Nos Estados Unidos, 64% das lavouras estão em condição boa ou ótima, mantendo o mercado abastecido. As atenções também se voltam para negociações comerciais entre EUA e China, que podem influenciar os preços em Chicago e no câmbio.

Milho: exportação garante sustentação aos preços

O milho apresenta maior liquidez. Em Campinas, compradores mantiveram ofertas entre R$ 63 e R$ 64/sc CIF para entrega imediata, enquanto vendedores pedem entre R$ 66 e R$ 67. No FOB, a disputa segue em R$ 57–58 (comprador) contra R$ 61 (vendedor).

Na exportação, as tradings oferecem R$ 67/sc CIF Santos para embarque em outubro. Segundo corretoras, este é um patamar considerado atrativo, especialmente em um momento de safra cheia no Brasil e nos Estados Unidos, mas com exportações firmes. Apenas em agosto, o Brasil embarcou 6,84 milhões de toneladas, um crescimento de 13% em relação ao mesmo mês de 2024.

No Mato Grosso, a semana começou estável. Vendas pontuais foram registradas em R$ 49/sc CIF para cooperativas, enquanto no FOB compradores ofertam R$ 44/sc e produtores insistem em R$ 50/sc.

Ambiente macroeconômico e cambial

O câmbio continua sendo peça-chave na formação dos preços. O dólar opera ao redor de R$ 5,42, influenciado por expectativas de corte de juros nos Estados Unidos e pelo cenário eleitoral brasileiro, que aumenta a volatilidade. Esse movimento limita a competitividade da soja e do milho no mercado interno, mas também pode abrir janelas de oportunidade de venda quando combinado a repiques em Chicago.

Oeste do Paraná e fertilizantes

No Paraná, o indicador do Cepea para soja encerrou a segunda-feira (08/09) em R$ 135,35/sc, enquanto o milho em Campinas ficou em R$ 64,70/sc. Já no Oeste do Estado, a referência de balcão em Palotina apontou soja a R$ 119,00/sc e milho a R$ 52,00/sc.

Na frente de insumos, os preços internacionais se mantêm relativamente estáveis:

Ureia: ~US$ 444/t CFR Brasil

MAP: US$ 620–630/t CFR

KCl: US$ 350–360/t CFR

Na relação de troca, esses valores representam, em média, 17 a 25 sacas de soja ou 37 a 53 sacas de milho por tonelada de fertilizante no Paraná, números que podem ser ainda maiores no Oeste do Estado.

Conclusão

O mercado de soja segue travado, com produtores segurando posições e apostando em câmbio e prêmios mais favoráveis. O milho encontra sustentação nas exportações, que seguem aceleradas e dão fôlego às cotações, mesmo com abundância de oferta global.

Fatores como o câmbio, a evolução do clima no Sul do Brasil sob risco de La Niña e o ritmo das exportações permanecem como pontos centrais a serem acompanhados nos próximos dias.

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